Salmos 9:4 - Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente;
Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
- Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu, e disseram:
- Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!
O velho disse:
- Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este e o fato, o resto e julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este e apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir?
As pessoas riram do velho. Elas sempre acharam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, mas havia fugido para a floresta. E não apenas isso, trouxera junto uma dúzia de cavalos selvagens. Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:
- Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma benção.
O velho disse:
- Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo esta de volta... quem sabe se e uma benção ou não? Este e apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro?
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente pensavam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo... O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram:
- Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora você esta mais pobre do que nunca.
O velho disse:
- Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso e uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o pais entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forcados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram:
- Você tinha razão velho, aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda esta com você. Nossos filhos foram-se para sempre.
O velho disse:
- Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso e uma benção ou uma desgraça. Não julgue, porque dessa maneira jamais se tornará uno com a totalidade. Você ficará obcecado com fragmentos, pulará para as conclusões a partir de coisas pequenas. Quando você julga você deixa de crescer. Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente deseja julgar, porque está em um processo e sempre arriscado e desconfortável.
Na verdade, a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina e outro começa. Uma porta se fecha, outra se abre. Você atinge um pico, sempre existirá um pico mais alto.
Não julgue, para não ser julgado e/ou não julgue, você pode estar sendo injusto. Todos nós temos uma grave mania: a de julgar pessoas e coisas, sem antes tomarmos o devido cuidado de verificar todos os lados de cada situação. E uma das coisas que mais fazemos é julgar as pessoas pelo que os outros dizem e/ou pelo que lemos nos jornais.
Essa maneira de tirarmos conclusões precipitadas, já prejudicou muitas pessoas; algumas, foram à falência e perderam seus bens, outras, ficaram com suas reputações manchadas pelo resto da vida, e outras ainda, levadas pelo desespero, acabaram tirando suas próprias vidas. Destruir a moral das pessoas por emitir julgamentos equivocados, é bastante fácil. Difícil é consertar pois tanto a palavra escrita quanto a falada, uma vez lida ou ouvida por centenas de pessoas, nem sempre é analisada com profundidade.
Isso porque, quando emitimos uma opinião desfavorável acerca de uma pessoa, da qual ouvimos falar e/ou lemos num jornal, tiramos nossas próprias conclusões, achando que aquilo que nos foi transmitido espelha realmente a verdade. Ledo engano semelhante comportamento. Para tanto, antes teríamos que vasculhar a vida pregressa da pessoa em questão e somente nesse caso nos valer daquilo que foi escrito e/ou falado.
Aqueles que não julgam estão satisfeitos simplesmente em viver o momento presente e de nele crescer... somente eles são capazes de caminhar com Deus.
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