Por favor, alguém pode me explicar por que
palavras como “paixão”, “fogo”, “glória”, “poder” e “unção” vendem muito mais
CDs do que “graça”, “misericórdia” e “perdão”?
Por que aqueles que mais falam sobre “prosperidade”
evitam sistematicamente textos como Tiago 2:5, I Timóteo 6:8 e Habacuque
3:17-18?
Por que se fala tanto em dízimo, defendendo-o com unhas e
dentes, mas quase nada se fala sobre ter tudo em comum e outras coisas como
“ajudar os domésticos na fé” e “não amar somente de palavra e de língua mas de
fato e de verdade”? Em qual proporção a Bíblia fala de uma coisa e de outra?
Por que em Atos 4, quando os apóstolos foram presos, a
igreja orou de forma tão diferente do que se ora hoje? Por que não aproveitaram
a ocasião pra “amarrar o espírito de perseguição”, pra “repreender a potestade
de Roma”, ou coisa semelhante?
Por que Atos 2:4 é muito mais citado como modelo do que
era a igreja primitiva do que Atos 2:42?
Por que todo mundo sabe João 3:16 de cor, mas tão pouca
gente sabe I João 3:16?
Por que 90% ou mais dos cânticos congregacionais modernos
são na primeira pessoa do singular (EU), quando a proporção nos salmos é muito
menor?
Por que todo mundo aceita que Jesus curou e colheu
espigas no sábado, aceita também que Deus ordenou que seu povo matasse vários
povos rivais, mas se escandaliza absurdamente quando alguém diz que Raabe fez
certo ao mentir para preservar duas vidas? O que vale mais, em situação de
conflito, que um soldado pagão saiba a verdade ou a vida de dois homens? Será
que se Raabe tivesse dito a verdade, teria sido elogiada em Hebreus 11?
Por que quase tudo que se vende numa livraria cristã foi
produzido nos últimos 50 anos, se nosso legado é de 2.000 anos de História do
Cristianismo? O que aconteceu com os outros 19 séculos e meio?
Por que os cristãos creem que o homem foi nomeado por
Deus como o responsável pela criação, e que tudo que Deus criou é bom, mas são
os esotéricos os que mais lutam pela defesa do meio-ambiente?
Por que todos os ritmos de origem na raça negra até hoje
são considerados por alguns como diabólicos?
Por que se canta tanto sobre coisas tão etéreas como
“rios de unção” e “chuvas de avivamento”, ao passo que Jesus usava sempre figuras
do cotidiano para ensinar, como sementes, pássaros e lírios?
Por que se amarra, todos os anos, tudo quanto é “espírito
ruim” das cidades, fazendo marcha e tudo, mas as cidades continuam do mesmo
jeito? Aliás, se os “espíritos ruins” já foram “amarrados” uma vez, por que
todo ano eles precisam ser “amarrados” de novo?
Por que se canta todos os dias “Hoje o meu milagre vai
chegar”? Afinal, ele não chega nunca? Que dia está sendo chamado de “hoje”?
Por que Jó não cantou “restitui, eu quero de volta o que
é meu”, nem declarou ou amarrou nada, muito menos participou de “campanha de
libertação” quando perdeu tudo?
Por que nós nunca vamos ao médico e pedimos, “doutor, dá
pra queimar essa enfermidade pra mim por favor”? Por que então se ora pedindo
isso pra Deus? Seria correto orar assim pra Deus curar alguém enfermo por causa
de queimadura?
Por que não se faz um mega-evento evangélico, desses que
reúnem um milhão de pessoas ou mais, pra fazer um mutirão para distribuir
alimentos aos pobres ou ainda para recolher o lixo da cidade? Aliás, por que se
emporcalha tanto as cidades com óleo e outras coisas nos tais “atos
proféticos”? Não seria um melhor testemunho limpá-la ao invés de sujá-la?
Por que as rádios evangélicas tocam tanta coisa produzida
por gravadoras ricas e nada produzido por artistas independentes?
Por que se faz apelo ao fim de uma “pregação” que não fez
qualquer menção ao sangue, à cruz, ao arrependimento, ou sequer ao pecado?
Por que Deuteronômio 28:13 (“o Senhor te porá por cabeça,
e não por cauda”) é tão citado, ao passo que I Coríntios 4:11-13 (“somos
considerados como o lixo do mundo”) ninguém gosta de citar?
Será que ninguém percebe que algo anda muito errado com o
evangelicalismo brasileiro?
Eu só queria saber…
***
Este foi um dos primeiros textos publicados no Púlpito Cristão em 2008. Três anos depois, as perguntas ainda são as mesmas e poucos se atrevem a respondê-las…
Este foi um dos primeiros textos publicados no Púlpito Cristão em 2008. Três anos depois, as perguntas ainda são as mesmas e poucos se atrevem a respondê-las…
1 comentários:
verdade... mas o povo anda meio preguiçoso, falta interresse em estudar a palavra e não se deixar levar pelo que falam..
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