A lepra é considerada uma das doenças mais antigas do mundo. Existem relatos históricos de que esta enfermidade atinge a humanidade há mais de 4000 anos. Os primeiros registros escritos encontrados pertencem à civilização egípcia, datando de 1.300 a.C. O termo “lepra” vem do grego “lepein”, que quer dizer: descamar-se.
Na antiga bíblia hebraica (velho testamento), o termo “leprêa”, também era utilizado como "tsaraáth" tendo o significado de desonra, desgraça, vergonha.
Em 1874, o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, isolou pela primeira vez o bacilo causador da lepra (mycobacterium leprae). Por isso, a lepra, é também chamada de Hanseníase.
O bacilo, após infectar as pessoas – não se sabe ao certo se por via respiratória, secreções nasais ou salivar e até mesmo por contato com a pele – tem um período de incubação que varia entre 2 a 7 anos, ou seja, neste período, não há uma clara manifestação dos sintomas.
Após este período, os primeiros sintomas são: Manchas na pele acompanhada de perda da sensibilidade – térmica e dor – podendo evoluir, se não tratada inicialmente, para as formas mais graves como: A deformação de mãos e pés sem dedos, corpos mutilados e inchados, rosto cadavérico, nariz e órbitas oculares vazios.
“Os intocáveis!”
Foi assim que, durante muito tempo, as pessoas acometidas da lepra ficaram conhecidas e estigmatizadas. Estigma carregado não apenas no corpo, mas, sobretudo, na alma!
Estigma que mutilava não apenas o corpo, mas também as estruturas emocionais, visto que a pessoa que sofria com a lepra deveria se afastar do convívio sócio-familiar por tempo indeterminado – longe dos toques, do afago, dos abraços – por quanto, para além da estrutura corporal, a cura precisava ser emocional.
Bem, existem, até hoje, milhares de pessoas que sofrem com a lepra e com elas, milhares de depoimentos marcantes de cura e superação.
Dentre tantos, existe um, que se encontra no evangelho de Mateus capítulo 8, 1:4, e que narra a história de um homem leproso e seu encontro com o Mestre.
Segundo as tradições judaicas, a pessoa que fosse diagnosticada com lepra, deveria se afastar do arraial, vivendo à margem da sociedade – em guetos, cavernas, desertos, leprosários – e declarar, em alto e bom som, sua condição de leproso, proferindo as seguintes palavras: Impuro! Impuro!
Este comportamento, humilhante e imposto pela religião, se repetia todas as vezes que alguém se aproximasse, pois para os judeus tornava-se impuro todo aquele que tocava em um leproso ou era, por ele, tocado.
Preste atenção neste detalhe: tornava-se impuro, todo aquele que tocasse em um leproso.
Pois bem, foi em um cenário como este que, o homem leproso encontrou-se com Jesus.
Dizem as escrituras que ao avistar Jesus, junto a uma grande multidão, aquele homem, em um ato de coragem e fé, se aproximou e adorando-o disse-lhe: “Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”.
O ato da adoração estava no reconhecimento da sua condição de impureza e da total confiança na autoridade e poder de Jesus para curá-lo. Jesus sabia que, muito mais que cura física, aquele homem precisava de cura espiritual, cura da alma, das emoções.
Prova disto está no fato de que a cura poderia acontecer proferindo apenas palavras, contudo, poderia não ser suficiente. Então dizem as escrituras que o Mestre estendeu a sua mão, sem medo, sem receio, sem preconceito, sem dúvida; uma mão carregada de amor, graça e compaixão. E o tocou!
Revelando assim a sua eterna vontade.
“Quero, sê limpo!”
E, imediatamente, ficou purificado da lepra.
O puro que toca o impuro, e o impuro que se purifica!
Este simples gesto de Jesus, porém, impactante e transformador, revela o Seu caráter.
Ele é onisciente e conhece todos os nossos anseios e reais necessidades. Não despreza nenhum homem, em qualquer estado, que se achegue até Ele, com o coração contrito e quebrantado e disposto a mudar.
O fato de Jesus tê-lo mandado apresentar a oferta que estava ordenada por Moisés, era muito mais que a simples ordenança do cumprimento de um ritual que estava estabelecido. Jesus, em seu íntimo, estava, com este ato, devolvendo aquele homem ao convívio social, religioso e familiar. Era a oportunidade de rever os amigos, os parentes, os filhos, de poder abraçá-los, tocá-los sem medo e receio.
Por quanto Jesus sabia que, os rituais e sacrifícios da lei, eram apenas símbolos, sombra, analogia, um sinal que apontava para algo superior. Um sacrifício maior, melhor e mais perfeito que seria oferecido na cruz do calvário: “O cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Que cura todos os “impuro-leprosos”, entre os quais, eu me encontro.
E ciente desta condição oro: Senhor, sabendo, pois, que sua vontade é de tornar-me limpo, purifica-me!
Carlos André G. Silva
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