domingo, junho 24, 2012

SÉRIE ARTESÃ 2: A ARTE SECULAR DE JESUS, AS CATACUMBAS E AS GALERIAS DE HOJE


Há quem continue pensando que a arte seja um assunto secundário na vida cristã por achar que a Bíblia ignora este aspecto representativo. Lembremos que o Novo Testamento ratifica a primeira obra de arte da história da humanidade vista em Gênesis 1: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3).
Obra de arte também foram as invenções de Jesus, homem que cotidianamente fazia uso das técnicas e lapidações para alcançar um resultado bonito e satisfatório para seus clientes. Ora, Jesus era carpinteiro, não esqueçamos. Mas, será se o nazareno só fabricava utensílios cristãos? É óbvio que não. Jesus não pensava como muitos crentes de hoje que dicotomizam as coisas por pura religiosidade equivocada.
Vendo por esse prisma, aqui temos um paralelo entre o humano e o divino, apontando para o eterno. Deus sendo glorificado pela Sua obra, a criação; e Jesus, trabalhando com a matéria-prima de sua morte: prego, martelo e madeira, onde desde pequeno já lidava com seu projeto de redenção, a Cruz!
O Pai (criador) e o Filho (redentor) eram artistas. Nós herdeiros, também somos e precisamos ratificar essa sensibilidade!
O que me angustia é notar que muitos cristãos ainda são viciados em mediocridade. Estes retiram as artes do itinerário por acharem que ela milita diretamente contra a fé, aí caem nas garras de uma indústria cultural evangélica pobre de conteúdo onde produtos “espirituais” são oferecidos como complemento de suas religiosidades. Frases como: “Essa música tem unção porque me arrepia, aquela não”!, “Na minha casa não entre CD do mundo”, “Esse utensílio é do capeta”, “Este livro é de um autor ateu, jogue fora”, são comuns entre os descrentes da arte.
É nesta roda viva que entra o velho debate da pobreza musical e da carência de outros ramos da arte no meio cristão como a pintura, poesia, literatura, etc. – coisa que muitos blog’s criticam e com razão -, contudo devemos não só criticar, mas iniciar uma verdadeira campanha de divulgação arte cristã de qualidade. Ela existe, cabe-nos irmos até ela. 
Voltando a história, lembremos-nos da igreja primitiva que sofreu forte perseguição dos romanos. Escondidos, os cristãos se reuniam nas catacumbas para aprender mais sobre Cristo e produzirem suas obras. Desenhos, acrósticos, textos, enfim, tudo era produto da criatividade da igreja e que demonstrava uma perspectiva de arte como representação da realidade e cosmovisão – tudo a ver com a arte dos mega shows, mercado, fama e grana não é?!
Contudo, observando para as circunstancias da igreja primitiva, penso: precisamos aprender com ela! Precisamos fazer com que nossas igrejas locais dialoguem de forma franca com a arte do seu tempo, sem abrir mão da cosmovisão cristã sobre as coisas.
Que se abra em cada igreja local uma galeria de artes. Exponha-se a criatividade desse povo que diz ter a mente de Cristo. Transforme-se a sociedade pela renovação do pensar de cada salvo. E que arte e fé caminhem como nos tempos de outrora, lado a lado!



0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...